quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sem perder...

Ontem a lua chegou sem avisar, assim, de repente

Mas só tirei meus óculos escuros quando não podia mais enxergar

Ela queria que eu fosse dormir sorridente

Um sono profundo que me fizesse sonhar


Mas na escola onde ensino, sou aprendiz

A vida não é tão previsível, não pode ser planejada

Será possível ser tristemente feliz,

Já que em um minuto eu choro e no outro eu dou risada?


E quando meus medos e tristezas vieram me despertar

Olhei pra eles como quem está enjoado

Tratei logo de expulsar

Aquele pensamento magoado


Afinal, a lua subiu pra me embalar

Curiosa, sem me dar sentimentos tristonhos

Só quer que eu descanse sem pensar,

Sem perder o sono. Sem perder os sonhos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

É preciso coragem

Se é preciso coragem para olhar o mundo como ele está,
É preciso muito mais coragem para olhar nos olhos do espelho e me encarar

Se é preciso coragem para esconder o que tem dentro,
É preciso muito mais coragem para imprimir sentimento

Se é preciso coragem para ser sincero e machucar,
É preciso muito mais coragem para ser verdadeiro e ainda assim amar

Se é preciso coragem para mostrar o que errou,
É preciso muito mais coragem para mostrar que perdoou

Se é preciso coragem para rejeitar,
É preciso muito mais coragem para aceitar

Pra tudo na vida, embora pareça bobagem,
Até pra ser covarde, é preciso um tanto de coragem.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aqui dentro - lá fora

Eu olho pra fora pela janela da vida
E parece que tudo é tão mais vivo que aqui dentro
Me invade um ciúmes das situações dos outros
Ou pra eles é tudo melhor, ou mostram apenas o bom

Eu olho pra fora pela janela da ferida
E parece que tudo é tão mais são que o meu momento
Me invade um ciúmes das distrações dos loucos
Ou pra eles é tudo melhor, ou concentram-se apenas no tom


Mas enquanto olho pra fora, olham aqui pra dentro
Onde tudo parece se não são, pelo menos vivo
E lhes invade um ciúmes, vêem só o centro
Onde enxergam tudo melhor, ainda falta o restante do livro...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Despedida

Cada despedida de alguém
É um pedaço de mim que vai também
Afinal, encontramos um jeito ainda que estranho
De mesclarmos o que seria um ganho
Mas mesmo com tantos furtos,
Surtos e absurdos,
Me doaria até o fim
Até que não houvesse mais nada, enfim...
Porque eu nasci pra existir assim
E o dia que nada mais restar de mim
Ainda viverá quem me roubou
E mesmo tudo misturado, direi que ali estou
Então de alguma forma hei de continuar
Vivendo em algum lugar
E que através de meus pedaços
Que se criem novos laços
Onde um a um traga para os meus braços
Uma história com novos traços
Construindo-me novamente
Acrescentado, calejado, dormente
Colhendo da semente
O que ficou
Deixando-me maior do que quando me levou.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ao Lado

Só fique ao lado.
Quando eu estiver com um nó na garganta
E minha paz não estiver tão branca
Só fique ao lado.
Quando me sentir sozinho mesmo cercado
Ou acreditar que não sou tão amado
Só fique ao lado.
Quando tudo em volta der volta
E não trouxer de volta o que me escolta
Só fique ao lado.
Quando eu me perder de mim
E talvez demorar pra encontrar o fim
Só fique ao lado.
Quando eu não quiser dizer nada
E em pensamento chorar a risada

Só fique ao lado.
Porque ao lado é onde eu entro
E quem fica ao meu lado, também fica dentro.

terça-feira, 11 de maio de 2010

E se fosse só hoje?

E se amanhã não pudesse mais
alcançar as pessoas que são minhas?
E se eu não conseguisse mais dar um beijo no meu pai,
sentir o abraço forte da minha mãe,
contar coisas pro meu irmão?
E se de repente os amigos sumissem
e eu não mais pudesse sentir o apoio deles?
E se eu não me sentisse mais amado pelos que me cercam
por vontade própria, que cativei com atenção?
E se eu não pudesse mais cuidar e nem ser cuidado por ninguém?
Se eu não tivesse mais a opção de amar, ao invés de ferir?

Certamente, me sentiria morto.
Mas, como morto não sente, nem isso eu faria.
Então será que já estou vivendo morto?
Seria isso vida?

"Vida essa que passa tão depressa,
Suga-me aos poucos pra que eu grite para os loucos
Que ainda existe amor e mesmo que haja dor
Vale à pena continuar, alma pequena é ignorar
Aqueles que em pranto, já me cobriram como um manto
E se só hoje me restar, que eu saiba valorizar
Que meu fôlego seja pra extrair
O que há de melhor em mim,
E o que há de melhor em mim, que eu saiba dividir
Pra que meus dias sejam como só hoje
E hoje seja todos os meus dias."

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Singular

O mundo não é de um, o mundo não é de dois
Ele é de todos e como um todo, precisa pensar
Por mais independente que seja depois
Depender um pouco também é cuidar

Mas o que vira o cuidado quando há tanta cegueira?
Zelar só pra um, pros demais é lamento
Cuidado! Saia da beira!
O que hoje tanto ama, amanhã pode tornar seu tormento

Então retorne enquanto é momento
O amor existe pra viver como um elo
Vida singular é perda de tempo
E com o tempo perde também o que é realmente belo

O que ganha só com razão
Simplismente se desfaz
Porque limitando a emoção
Pouco. Bem pouco te traz!

Fuja do isolamento particular, ser único não é ser só
É ser mais
Todos juntos, amarrados em apenas um nó
Pluralmente e puramente um cais

sábado, 17 de abril de 2010

Desencontro

Nessa correria onde a vida empurra para um desesperador confronto,
Encontro quem quer provar que nada quer provar a ninguém.
Encontro apelos de mudos que falam pelos cotovelos.
Encontro cabeças bem intensionadas vegetativamente paralisadas.
Encontro amores que através de rancores gabam-se por hoje terem tantas cores.
Encontro vidas suicidas, que para sobreviver, criam feridas.
Encontro corajosas vontades que de tão covardes, camuflam as bondades.
Encontro forte apoio que nas costas, não passa de coio.
Encontro a cortina da verdade que se abre no espetáculo da falsidade.
Encontro... afronto...

Pronto. Eis o desencontro.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cada um pro seu mundo

Cada um pro seu mundo...
E se um dia quiser que ele seja maior, junte-o com o de alguém
E se um dia quiser que ele seja inesquecível, junte-o com quem você já tem
E se um dia quiser que ele seja melhor, junte-o com quem te faz bem
E se um dia quiser que ele seja inconfundível, junte-o com seus mundos passados também
Mas e se um dia quiser que ele seja o que ele sempre foi, sem mudar o quê e quem?
Cada um pro seu mundo! Porque o meu é mais alto e mais fundo!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ainda posso respirar!

Eu estava quieto no meu canto
Onde até o meu canto só soprava
Cheio de esperança, a vida é tão gigante!
Tão gigante e traiçoeira, um dia trazia um pranto
No outro, me alegrava
Me abortando, Me renascendo, depende do instante
E é na estante da mente que coloco um tanto,
Quando sorria, quando amava
E isso era o meu calmante...

Por ser amante, me levanto
Sem olhar pro que me acorrentava
Concentrei-me na vontade borbulhante
Que tanto me encoraja e ao mesmo tempo causa espanto
E mesmo quando a prisão trava,
Existe algo cativante
Que hoje uso como manto
E apago o que me apertava
Afinal, a vida é minha, me dê o volante!

Você que foi assaltante até do meu ar
Tenho que lhe dizer:
Pode tentar!
Mesmo amarrando quase todo o meu "fazer",
Ainda posso respirar!
Somado com um pouco de querer,
Isso basta pra recomeçar.

terça-feira, 16 de março de 2010

Fiel... até que a morte nos ampare

Se fingi, traí.
Se escondi, traí.
Se menti, traí.
Se amei, traí...

Fui sempre tão fiel aos outros, mas e à mim?
Grande foi o desgosto quando eu descobri
que não ao outro, mas a mim mesmo, abati.
No espelho tentei mentir pra mim desviando o olhar,
eu não podia me encarar.
Por um tempo consegui esconder de mim
Em algum lugar lá dentro, no escuro, lá no fim.
E com medo de arriscar, conseguia mentir até pro meu pensar,
Mas e ao pulsar, quem pode oprimir
Se o verdadeiro se faz cuspir
Pra um lugar onde só se pode despir?
A verdade gosta de se bronzear no sol
Pra depois se exibir, seja contra, ou seja em prol.

Até que um dia, cansado de me furtar, decidi
Não vou mais me trair.
Fielmente escrito na mente com Nanquim:
Agora sou fiel a mim!
Não alcancei o encontro, apenas o meu próprio,
Que embora esteja mais sóbrio,
Continua insano, desbocado e atrevido
Porque onde antes não havia existido,
Agora vive uma aliança entre "eu" e "comigo",
E que ninguém separe:
Fiel... até que a morte nos ampare!

sábado, 13 de março de 2010

Palavras mudas

Quem fica ao lado quando o que você pensa não pode ser explicado? E quando o sentimento grita até ficar rouco, mas um grito abafado? E quem interpreta perfeitamente o papel da solidão se escondendo em qualquer vão encontrado no intervalo de quem está cansado?
Quem vive presente quando quem ama é ferido facilmente pela sobra do que não sente? Quem é o único que pode falar enquanto todos os demais se calam e sempre consegue aparentemente nada demonstrar?

"O silêncio fala também, o silêncio ensina desde neném,
O silêncio canta pro bem, o silêncio sopra...
ferida."

O que cala, também fala.
Enquanto isso, silêncio...